| Reprodução: Internet |
Que as mulheres são maioria na
sociedade é fato. Mas que elas ainda sofrem com a violência de uma sociedade
desigual também. E como muitas coisas são vias de mão dupla, a internet acabar
por imitar a vida real em certos aspectos e nela as mulheres também são
maioria. As redes sociais ditam tendências e entre elas, as palavras da moda.
Hoje a que mais escutamos falar é empoderamento, que nada mais é do que um
indivíduo ter poder sobre si próprio e viver de acordo com seus valores.
Quando falamos das mulheres,
sempre estamos cercados de clichês que em geral rebaixam o sexo feminino, como
“elas fazem várias coisas ao mesmo tempo” ou “falam sem parar”. Isso pode ser
um trunfo para elas na internet. Apesar de ainda muitos acreditaram que os
homens entendem mais de tecnologia, são as mulheres que melhor se adaptam às
mudanças constantes. E se elas falam muito isso pode ser bom, afinal são elas
que normalmente dão 45% mais feedback às empresas. Também interagem mais, dando
feedbacks, likes, compartilhamentos. E se conseguem fazer muitas coisas ao
mesmo tempo, isso também se reflete na internet. As mulheres conseguem manter
diversas conversas simultaneamente, enquanto os homens são mais lineares tanto
na vida real, quanto no cyberespaço.
Mas, como disse elas ainda
sofrem com a violência, que vai além da física. Seu conceito passa pelo estrutural
na sociedade e o cultural. Já diria Simone De Beauvoir: “Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico,
psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da
sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário
entre o macho e o castrado que qualificam de feminino. Somente a mediação de
outrem pode constituir um indivíduo como um Outro.”Começa em “brincadeiras”
que são legitimadas já que todos sabem bem que elas feitas para diminuir a
mulher em relação ao home, mas nunca combatidas, passam pelas diferenças em
empregos e chegam até a agressão física ou verbal. Aliás, o trecho citado foi
tema de prova do Enem e muitos alunos questionaram a primeira parte, já que
para eles o fato de nascer com o aparelho reprodutor feminino já caracterizava
que uma pessoa era mulher.
Segundo a pesquisa “O
Profissional de Inteligência de Mídias Sociais no Brasil” em agosto de 2016,
seis em cada dez mulheres, que normalmente trabalham em cargos mais
operacionais, como analistas ou em coordenação. Já os homens destacam-se em
gerência ou diretoria. E quanto maior o cargo, maior a diferença salarial.
Enquanto na parte operacional a diferença gira em torno de 20%, na parte
superior chega a 81%. Além disso, mulheres para assumirem posições de líder se
submetem a mais critérios para mostrar sua competência, como tomar cuidado com
suas atitudes, seu corte de cabelo, em tentar demonstrar o tempo todo que sabe
tanto quanto os homens que estão na mesma posição.
Soma-se a isso os comentários
em redes sociais. Por interagirem mais, foi aí que as mulheres encontraram um
espaço para terem voz. Através das redes surgiram coletivos, revistas digitais,
canais e outros que se dedicam apenas a falarem sobre questões feministas. E na
mesma velocidade que começaram a gerar conteúdo passaram a ser atacadas. Não
são raros os casos de pessoas que se posicionam contra e desmerecem a luta
feminista através de comentários, deboches. Ainda existem as ameaças que essas
páginas sofrem constantemente, tendo seus administradores perseguidos.
O feminismo que tanta gente teme
e pensa ser uma doutrinação e que quem o defende quer queimar os homens na
fogueira está bem longe disso. Prega apenas a igualdade entre homens, mulheres
e homens e mulheres trans. O direito de todos se expressarem e de serem notados
em pé de igualdade.
O jornalismo passa por isso.
Seu código de ética está vinculado a Declaração dos Direitos Humanos. Consta
que é DEVER dar voz aos oprimidos. A
sociedade está mudando, se desconstruindo. Está na hora de não seguir mais o
modelo tão tradicional e sim refletir a sociedade, afinal, a maioria não tem o
maior espaço, segue sendo podada. Mas o jornalismo não deveria ser um espelho
da sociedade e dar voz aos que não a tem? Está na hora da mídia se posicionar,
fazer seu papel de ponte entre uma sociedade que se desconstrói para se tornar
uma sociedade reconstruída.






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